(In)decisão

Sempre quis fazer Direito. Desde a primeira vez em que me peguntaram “o que você quer cursar na faculdade?”, eu sempre respondi “Direito”. Pode ser influência indireta do meu pai, que fez o mesmo curso.

Certa vez, precisei apresentar um trabalho em forma de júri simulado para a minha turma, em Caicó. Resultado: gaguejei muito, esqueci a fala e não consegui argumentar direito. Debatendo a questão com os meus pais, concluímos que o problema era a insegurança na frente de pessoas conhecidas – pois já discuti com bastante gente estranha até hoje.

Apesar de ter concluído que não havia nenhum problema no meu relacionamento com Direito (tanto que continuo gostando até hoje), uma nova paixãozinha estava crescendo: a psicologia. Estudei muito acerca da profissão, e acabei me interessando mais do que esperava. Quando eu comentava com as pessoas, todos diziam que Psicologia era o meu curso, que era a minha cara, que eu me daria bem etc.

No final daquele ano – 3º ano do Ensino Médio – prestei vestibular para os dois cursos: Psicologia e Direito. Passei em Psicologia e reprovei na segunda fase para Direito. Por diversos motivos, acabei não cursando Psicologia. Resultado da brincadeira: um ano de cursinho.

Logo no início do ano, estudando mais sobre Psicologia, descobri a Psiquiatria. Mil vezes mais fascinante que Psicologia, Psiquiatria ganhou o meu coração. O problema é que Psiquiatria é uma área da Medicina… Ou seja: eu teria que estudar a faculdade inteira para finalmente fazer outra prova e entrar na residência de Psiquiatria. Como meu sonho nunca foi ser médica – muito pelo contrário, eu não sei o que me deu na cabeça -, fiquei com um pé atrás e resolvi mudar um pouco o caminho, pelo menos até ter certeza de que eu quero isso para a minha vida.

Desde pequena, gosto de escrever. Amo a parte artística, a parte humana das coisas. Artes, fotografia, música… Isso é a Déborah que eu conheço, a Déborah que todos conhecem. Até mais do que a Déborah que gosta de ouvir as pessoas e tentar ajudá-las de alguma forma (no caso, Psicologia). O problema que aparece, então, é financeiro: não ouso ser hipócrita e dizer que o salário não conta. É claro que conta. Tenho sonhos e metas que só podem ser alcançados através do dinheiro, e é um fato conhecido o salário terrível das pessoas de humanas, quando comparado ao do pessoal de bioexatas.

Aí chegam e perguntam para mim “e exatas? Não se interessa por nenhum curso?”. E então eu tenho que responder que, apesar de querer entender exatas, sei que não é pra mim. Nunca fui bem em exatas no colégio, por exemplo. Se eu estudo muito e me dedico, consigo entender… Mas nunca perto da minha facilidade com humanas. Imagine eu fazendo uma Engenharia, então? Por mais que eu quisesse, sei que não daria certo.

E é no meio de todas essas dúvidas, todos esses dilemas, que eu estou prestes a fazer uma loucura. Estou prestes a agir com o coração, e não com a razão.

Se há a possibilidade de arrependimento? Sim. Todas as possibilidades do mundo.

Se eu estou disposta a isso? Definitivamente.

Se eu estou com medo? Claro.

Quando saberei se meus planos darão certo? Dentro de alguns dias.

Desejem-me sorte, e até mais.